domingo, 11 de agosto de 2019

Apoio do pai influencia na amamentação, mostram estudos

Conselho de Dia dos Pais: o bebê chorou pedindo "mamá" de madrugada? Pense duas vezes antes de virar para o outro lado da cama e deixar a sua esposa amamentando sozinha. Estudos recentes realizados em vários lugares do mundo revelam que mulheres que contam com a presença e o apoio social e afetivo do pai do bebê amamentam por mais tempo. E isso impacta diretamente no desenvolvimento da criança, evita doenças e aumenta os laços entre pais e filhos. 

Segundo o pesquisador da Fiocruz e co-autor de um dos estudos, Cristiano Boccolini, mais do que a presença do pai, a mãe precisa perceber que tem o apoio: ele precisa apoiar e, ela, se sentir apoiada emocionalmente, principalmente. “Estou publicando um artigo que mostra o que muitas vezes os números sozinhos não mostram, que é essa questão subjetiva da percepção do apoio que a mulher tem do homem. Isso é complicado de medir. Mas uma coisa é fato: não adianta o pai estar só ali. Ele precisa demonstrar que se preocupa com a questão da amamentação e da saúde da mulher e do bebê com atitudes”, afirma o pesquisador,  que vai lançar o estudo no XV Encontro Nacional de Aleitamento Materno (XV ENAM), que acontece de 11 a 15 de novembro no Rio de Janeiro. 

O artigo de Cristiano revela que o apoio social aumenta em 75% as chances da mãe amamentar até os seis meses de idade, e mais do que dobra as chances de ela continuar amamentando até o primeiro ano de vida. Um segundo estudo realizado no Rio de Janeiro e que também será debatido no Encontro mostra que as mães que podem contar com a presença do pai do bebê no dia a dia tem 72% de chance a mais de fornecer aleitamento exclusivo para seus bebês. 

A presença dos pais no momento do aleitamento - principalmente nas primeiras semanas pós-gestação - também foi comprovada por pesquisadores americanos que estudaram os efeitos da lei sueca de 2012 que permite aos pais até 30 dias de licença durante o primeiro ano de vida de um filho, independente da licença maternidade da mãe. O resultado foi positivo não só para a amamentação, mas também para a saúde da mulher, que ficou menos ansiosa (o que facilita na produção do leite) e precisou de ir menos vezes ao hospital, ou seja, adoeceu menos. 

"Esses estudos mostram que mães que não podem contar com a atuação do pai da criança logo depois do parto têm mais problemas de saúde do que mães que têm a presença do pai. Mas a boa notícia é que os pais de hoje são diferentes dos pais das gerações de 30, 40 anos atrás. Eles estão mais conscientes e percebem o papel que têm na formação da criança e na amamentação", afirma o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcus Renato de Carvalho, que irá comandar a mesa "O papel do pai na amamentação e cuidados da criança" durante o XV Encontro Nacional de Aleitamento Materno.

DIVISÃO DE TAREFAS EM CASA

Cristiano Boccolini, além de pesquisador, é pai da pequena Gia Elena, de um ano e meio. Em casa, ele tenta aplicar no dia a dia o que escreve em seus estudos: a divisão de tarefas e o apoio à esposa Patrícia de Moraes, que também é pesquisadora.  

“Eu consegui ficar um mês e meio em casa com a minha esposa quando tivemos a Gia porque emendei a licença com as férias, mas depois que voltei à rotina do trabalho, ficou mais pesado para a Patricia. Eu reduzi um pouco a minha carga de trabalho para poder estar junto dela”, conta.

“Há um ano, desde que a Patricia voltou a trabalhar, nós temos uma rotina que eu sei que ainda é um pouco mais pesada pra ela do que para mim. Enquanto ela cuida de tarefas domésticas, eu cuido da Gia, dou banho, brinco, distraio, dou comida. E enquanto ela amamenta, eu preparo o jantar e o almoço do dia seguinte”. 

 A AMAMENTAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO

A amamentação como um direito humano a ser protegido será o tema do XV Encontro Nacional de Aleitamento Materno (ENAM) e o V Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (V ENACS), que ocorrerão simultaneamente com a III Conferência Mundial de Aleitamento Materno (3rd WBC) e da I Conferência Mundial de Alimentação Complementar (1st WCFC) e acontecem de 11 a 15 de novembro no Centro de Convenções Sul América. 

Na programação, lançamentos de estudos inéditos, debates, palestras e rodas de conversa irão abordar os direitos das mulheres e das crianças, o direito à alimentação saudável e a proteção legal à maternidade, a paternidade e outros. 

Os eventos serão precedidos pelo ato público conhecido como “Mil Mães Amamentando”, no dia 11 de novembro e pretende reunir mais de mil mulheres nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), Parque do Flamengo. O evento de mães é gratuito. Para participar do encontros sobre amamentação, acesse o site https://enam.org.br/index.php e faça a sua inscrição. 

COMO O PAI PODE APOIAR A AMAMENTAÇÃO

  • Oferecer água e frutas frescas para a mãe enquanto ela amamenta
  • Auxiliar nos afazeres doméstico
  • Acompanhar mulher no pré-natal e realizar os exames necessários e solicitados
  • Evitar situações de estresse e hábitos inadequados
  • Cuidar dos outros filhos
  • Incentivar a mãe a não interromper a amamentação
  • Compartilhar com a parceira os cuidados com a criança como: dar banho, trocar fraldas e roupas, alimentar seu(sua) filho(a), colocar para dormir, entre outros.
  • Acompanhar nos cuidados com a saúde, levando a criança para realizar consultas e para tomar vacinas.
  • Acompanhar a criança na escola/creche e nos estudos de casa
  • Brincar e passear com bebê
  • Respeitar a parceira


AGOSTO DOURADO

A Semana Mundial de Aleitamento Materno - que terminou na última quarta-feira, dia 7 de agosto, foi lançada em 1992 pela Aliança Mundial para Ação em Amamentação com objetivo de promover, proteger e apoiar a amamentação, buscando apoio dos governos e dos diversos setores da sociedade. A SMAM é o momento mais importante do ano para os fomentadores da causa, visando a construção de alianças que fortalecerão as políticas e programas de aleitamento materno e alimentação infantil. A semana faz parte ainda do Agosto Dourado, mês que simboliza a luta pelo incentivo ao aleitamento materno, com intuito de reforçar a importância do ato para a saúde da mãe e do bebê, reduzindo riscos de muitas doenças. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. 

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